‘Oi, tudo bem? Você está muito ocupado agora? Queria ver se tem alguns minutos porque eu gostaria de ter uma conversa com você... Pode ser? Então senta aí, fica confortável. O papo é sério, mas acho que te interessa muito também. Bom, melhor falar logo de uma vez, né?! Sem rodeios, sem firulas... O que eu tenho para dizer – e espero que você não me leve a mal – é que a nossa relação está um pouco desgastada. E quando falo “nossa relação”, não falo só da gente, eu e você, não. [...] A “nossa relação que eu digo é a relação interpessoal, os relacionamentos humanos. E esse desgaste tem a ver – e é isso que eu estou tentando dizer desde o começo – com uma crise na nossa comunicação, na nossa dificuldade de dialogar com as pessoas. Pode reparar: vivemos em um mudo em que os povos não se entendem, em que dentro da casa as pessoas perdem a interação, em que colegas de trabalho não conversam sobre as tarefas do escritório e até as relações diplomáticas estão afetadas pela carência de uma melhor comunicação. Enfim, está faltando diálogo! [...] Afinal, nosso bem estar e nossa felicidade dependem de nós, mas também das pessoas com as quais nos relacionamos e com o mundo em que vivemos. E o diálogo que estabelecemos com esse mundo e com essas pessoas é imprescindível para nossa qualidade de vida. [...] Claro que você não precisa concordar com tudo o que eu disser, mas, só de ouvir o que tenho parar falar, já tenho certeza de que a nossa conversa vai valer a pena. A verdade é que as pessoas têm necessidade enorme de se comunicar, de conversar. Falar e uma necessidade orgânica dos seres humanos – das tribos africanas aos palácios ingleses. E essa interação que o diálogo nos propicia é uma característica exclusivamente humana. [...] Cientistas do comportamento teorizam que passamos 80% das nossas vidas em companhia de outras pessoas e entre seis e doze horas todos os dias falando com elas. É um tempo considerável, não? [...] Afinal, precisamos pensar para falar (pelo menos, na maioria das vezes) e nosso empenho para que a outra pessoa nos entenda através de idéias claras também ajuda o nosso próprio entendimento. [...]( e não é esse, afinal, o princípio básico da terapia? Dizer a seu terapeuta para dizer a sim mesmo?). [...] “Ainda hoje o contato físico é a primeira linguagem que aprendemos”, diz Decher Keltner, professos da Universidade da Califórnia. [...] “ E ele continua sendo nosso meio mais rico de expressão emocional.”[...] Hoje vivemos numa sociedade que dá um peso enorme para as palavras. E, numa época em que nos comunicamos quase exclusivamente através delas (em e-mails, mensagens de texto, redes sociais), não percebemos que elas não conseguem sustentar uma conversa sozinha. [...] Mas não bastam para uma conversa franca.
Muito mais que palavras
A conversa tal qual a conhecemos, na sua definição, é aquela que acontece quando duas (ou mais) pessoas estão frente a frente e se falando. Isso porque ela envolve a linguagem corporal, os feromônios que invarialmente emitimos, os gestos, as expressões faciais, o olhar, o toque. Não é apenas abrir a boca e soltar palavras; é muito mais do que isso. “ A conversa quase sempre contém informações pragmáticas e expressões puras de emoção. É uma arte humana de grande importância produzida pelas pessoas em todos os cantos”, define o jornalista e escritor Daniel Manaker. [...] Se, para estabelecer conversas mais significativas, precisamos reaprender a forma como falamos, imagine quando nos deparamos com meios de comunicação que são totalmente novos. Não é de estranhar que estejamos tateando para fazer ajustes na forma como nos comunicamos por meio do e-mail e das redes social. John Freeman, o editor da revista Granta, acredita que é a velocidade que estamos nos comunicando que está prejudicando nossas relações. Como as mensagens, os e-mails, os chats estão cada vez mais rápidos, nós nem sequer damos muita atenção ao que escrevemos. Mal começamos a digitar e logo estamos lá, apertando “Enviar”. [...] Falamos com 50 amigos por dia online, mas com quantos deles batemos um bom papo? [...] a importância de prestar atenção no que ouvimos ou falamos, de pensar em cada frase que escrevemos. [...] “ A comunicação é algo muito anterior aos meios de comunicação; eles têm de ser visto como acessório, não empecilhos” , afirma a cientista social Heloisa Pait” – Vida Simples, edição de Maio de 2010.
A sua comunicação não passa do virtual? Esforce-se, ligue e combine de ir tomar um chimarrão com seus amigos!
Fiquem com Deus, Fernanda Jansen
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