segunda-feira, 7 de maio de 2012

O que pregar a si mesmo todos os dias?


Texto retirado do blog amecristo.com:
Porque somos tão naturalmente inclinados a olhar para nós mesmos e para nossa performance mais do que olhamos para Cristo e sua obra, precisamos nos lembrar constantemente do evangelho.
Se nós devemos pregar o evangelho para nós mesmos todos os dias, qual seria o real conteúdo dessa pregação? Do que é que eu preciso continuar sempre me lembrando?
Se Deus te salvou – se ele te deu a fé para crer nisso, e se você agora é um Cristão; se você transferiu sua confiança dos seus feitos e habilidades para os feitos de Cristo no lugar dos pecadores – então aqui está a boa notícia. Nas palavras de Colossenses 1, é simples assim: você já foi tornado digno, você já foi resgatado, você já foi transportado [do domínio das trevas], você já foi redimido, você já foi perdoado.
É aceito entre os especialistas que no grego original, Efésios 1.3-14 é somente uma única sentença, bem extensa. Paulo está tão maravilhado pela pura grandeza e imensidade e bondade da preciosa graça de Deus que ele não faz nem uma pausa para respirar. Ele escreve em um estado de êxtase controlado. E no coração desse rompante está a idéia da “união com Cristo”. Fomos abençoados, ele escreve, com “todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (1.3): fomos escolhidos (v. 4), agraciados (v.6), redimidos (v.7), reconciliados (v. 10), predestinados (v. 11) e selados para sempre (v. 13). Tudo o que precisamos e ansiamos, Paulo diz, nós já possuímos se estamos em Cristo. Ele já assegurou firmemente o que nossos corações mais desejam.
Nós não precisamos mais depender, assim, da nossa posição, prosperidade, promoções, proeminência, poder, reconhecimento, prazeres passageiros ou popularidade, coisas que por tanto tempo nós buscamos desesperadamente.
Dia a dia, o que nós precisamos fazer na prática só pode ser experimentado quando chegamos a um entendimento mais profundo da nossa situação – um entendimento mais profundo do que já é nosso em Cristo.
Eu costumava pensar que crescer como cristão significava que eu tinha que, de alguma forma, buscar obter as qualidades e atitudes que estavam faltando em mim. Para realmente amadurecer, eu precisaria descobrir uma forma de alcançar mais alegria, mais paciência, mais fidelidade e por aí vai.
Até que cheguei à chocante conclusão de que isso não é o que a Bíblia ensina e não é o evangelho. O que a Bíblia ensina é que nós amadurecemos conforme entendemos o que já possuímos em Cristo. O evangelho, na verdade, nos transforma precisamente porque não é uma mensagem de transformação pessoal interna, mas da substituição externa de Cristo. Nós precisamos desesperadamente de um Advogado, de um Mediador e de um Amigo. Mas o que mais precisamos é de um Substituto. Alguém que tenha feito por nós e assegurado para nós o que nunca seríamos capazes de fazer ou assegurar por nós mesmos.
O trabalho da vida cristã, portanto, é pensar menos de mim mesmo e da minha performance e mais de Jesus e da performance dele por mim. Ironicamente, quando nos focamos mais em nossa necessidade de melhorar, nós pioramos. Nos tornamos neuróticos e egocêntricos. A preocupação com o meu esforço em detrimento do esforço de Deus me torna cada vez mais egoísta e morbidamente introspectivo.
Você poderia falar da seguinte forma: a santificação é o trabalho diário de voltar à realidade da nossa justificação – receber as palavras de Cristo, “está consumado” em novas e mais profundas áreas de nosso ser diariamente, de encontro à nossa rebelião de falta de fé. É voltar à certeza da segurança do nosso perdão em Cristo e apertar o botão de reset mil vezes, todos os dias. Ou, como Martinho Lutero tão habilmente colocou em uma pregação sobre Romanos, “Progredir é sempre começar de novo”. Progresso espiritual real, em outras palavras, requer uma grande quantidade diária de recomeços.
Em seu livro Because He Loves Me [Porque ele me ama], Elyse Fitzpatrick escreve sobre o quão importante esses recomeços são para o crescimento cristão:
Uma razão pela qual não crescemos em obediência humilde como deveríamos é porque temos amnésia; nos esquecemos que somos limpos de nossos pecados. Em outras palavras, o fracasso contínuo na santificação (o vagaroso processo de sermos conformados à Cristo) é o resultado direto da nossa falha em não nos lembramos do amor de Deus por nós no evangelho. Se nos faltam o conforto e segurança que o amor e a purificação de Deus deveriam nos suprir, nossos fracassos irão nos acorrentar aos pecados do passado, e não teremos fé ou coragem para lutar contra eles, ou o amor por Deus que deveria nos fortalecer nessa guerra. Se deixamos de nos lembrar da nossa justificação, redenção e reconciliação, teremos problemas na nossa santificação.
O crescimento cristão, em outras palavras, não acontece primeiramente por uma melhora de comportamento, mas por uma melhora em acreditar – acreditar nos maiores, mais profundos e preciosos caminhos que Cristo já assegurou para nós pecadores.
Pregue isso para si mesmo todos os dias, e você experimentará cada vez mais a gigantesca liberdade que Jesus pagou com tanto amor para te assegurar.
Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo.com | Original aqui